A “vitamina D” na verdade trata-se conceitualmente, de um grupo de compostos lipossolúveis com um esqueleto de colesterol de quatro anéis. A sua função principal é o aumento da absorção intestinal do cálcio, estimulando o transporte ativo pelo lúmen intestinal, bem como, na mobilização do sistema imunológico, atuando assim, como um regulador da homeostase do cálcio no metabolismo ósseo (1,2).

Muitos poucos alimentos, contêm naturalmente a vitamina D, logo, a síntese dérmica é a principal fonte natural. Tanto a vitamina D oriunda da dieta quanto da conversão dérmica são biologicamente inativas, requerendo uma conversão enzimática para o seu metabolito ativo.  No seu processo de síntese, o precursor da vitamina D é convertido em colecalciferol (Vitamina D3) e posteriormente é convertida enzimaticamente no fígado em calcifediol, a principal forma circulante da vitamina D, e depois no rim em calcitriol, a forma ativa da vitamina D. Atualmente a principal forma da vitamina D encontrada nas apresentações de suplementos disponíveis no mercado é a do colecalciferol ou vitamina D3 (3,4), devido sua meia vida ser mais longa que os outros metabolitos.

A deficiência de vitamina D é um problema de saúde pública de escala mundial. Existe uma constante associação entre o défice de vitamina D e uma série de doenças.  A deficiência ou resistência à vitamina D é causada por um dos quatro mecanismos (5).

  • Disponibilidade prejudicada de vitamina D, secundária à vitamina D dietética inadequada, distúrbios de má absorção de gordura e/ou falta de luz solar (fotoisomerização)
  • Hidroxilação prejudicada pelo fígado para produzir o calcifediol.
  • Hidroxilação prejudicada pelos rins para produzir o calcitriol (raquitismo dependente de vitamina D tipo 1, insuficiência renal crônica)
  • Insensibilidade do órgão-alvo aos metabólitos da vitamina D (raquitismo hereditário resistente à vitamina D.

A deficiência de vitamina D tem sido historicamente definida como níveis circulantes de calcitriol inferiores a 20 ng/mL, uma referência adotada pelo Instituto de Medicina para atender às necessidades de pelo menos 97,5% da população normal, no entanto, evidências sugerem que as concentrações de calcitriol mantidas acima de 30 ng/mL são benéficas em algumas situações clínicas, principalmente para a redução do risco de fraturas. A dose habitual para correção da deficiência de vitamina D é de 50.000 UI/semana. Para manutenção, a dose varia de 400 a 2.000 UI / dia, dependendo da idade e condição clínica do paciente (6).

Logo, o farmacêutico diante da suplementação da vitamina D, pode realizar atividades que influenciem no seu uso racional, como a educação em saúde, no serviço de dispensação da vitamina D, no acompanhamento farmacoterapêutico e na gestão das condições de saúde, e encaminhamento a outros profissionais, quando necessário, bem como, a prescrição farmacêutica.

 

REFERÊNCIAS

 

  1. DeLuca HF. The metabolism and functions of vitamin D. Vol. 196, Advances in experimental medicine and biology. 1986. p. 361–75.
  2. DeLuca HF. Overview of general physiologic features and functions of vitamin D. [Internet]. Vol. 80, The American journal of clinical nutrition. Am J Clin Nutr; 2004 [cited 2022 Oct 17]. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15585789/
  3. Terushkin V, Bender A, Psaty EL, Engelsen O, Wang SQ, Halpern AC. Estimated equivalency of vitamin D production from natural sun exposure versus oral vitamin D supplementation across seasons at two US latitudes. J Am Acad Dermatol [Internet]. 2010 [cited 2022 Oct 17];62(6):929.e1-929.e9. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20363523/
  4. Forrest KYZ, Stuhldreher WL. Prevalence and correlates of vitamin D deficiency in US adults. Nutr Res [Internet]. 2011 Jan [cited 2022 Oct 17];31(1):48–54. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21310306/
  5. Pazirandeh, MD S. Overview of Vitamin D UpToDate. UpToDate [Internet]. 2022 [cited 2022 Oct 17];1–15. Available from: https://www.uptodate.com/contents/overview-of-vitamin-d?search=vitamina d&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1
  6. Maeda SS, Borba VZC, Camargo MBR, Silva DMW, Borges JLC, Bandeira F, et al. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arq Bras Endocrinol Metabol [Internet]. 2014 [cited 2022 Oct 17];58(5):411–33. Available from: http://www.scielo.br/j/abem/a/fddSYzjLXGxMnNHVbj68rYr/?lang=pt

Elaboração: Vinícius Soares Ribeiro

Revisão: Cinthia Caldas Rios