A creatina é um dos suplementos alimentares mais utilizados no mundo para melhoria do desempenho na atividade física (1). Trata-se de uma molécula sintetizada endogenamente pelo fígado, derivada de três aminoácidos (metionina, glicina e arginina). Cerca de 95% da creatina é armazenada no musculo esquelético, e o restante no cérebro e rins, e nos homens, nos testículos. Quando no músculo esquelético, cerca de 65% da creatina é armazenada na forma de fosfocreatina, na qual representa, uma fonte rápida de fosfato para a imediata ressíntese da Adenosina Trifosfato (ATP), da qual os músculos dependem como recurso energético durante exercícios (2).

Desta forma, a suplementação da creatina demonstrou ser eficaz em melhorar o desempenho durante a atividade física de curta duração e alta intensidade. Além disso, a creatina pode ter efeitos celulares diretos via up regulation de genes e aumento da atividade de enzimas envolvidas na síntese de proteínas e outras atividades com efeitos anabólicos (3,4)

A dose usual de creatina é de 3-5 gramas diárias, e os seus benefícios são observados após cerca de 28 dias de uso. Geralmente homens utilizam a dose de 3-5 gramas diárias e mulheres 2-3 gramas diárias. A dose menor utilizada em mulheres é justificada pela cautela com o aumento de peso, principalmente devido ao aumento da retenção hídrica, no entanto, doses mais baixas podem comprometer, em alguns casos, a efetividade da creatina. As doses não diferem para atletas de força, velocistas e outros atletas. Para que a creatina apresente efeitos mais rapidamente, também pode ser utilizado um esquema agudo de dosagem, onde o individuo utiliza 20 a 25 g (0,3 mg/Kg/dia) durante cinco dias, por exemplo, quatro tomadas diárias de 5 g por dia, e posteriormente estabiliza com a dose de manutenção usual (5,6).

Cerca de 30% dos indivíduos não respondem a suplementação de creatina e não aumentam significativamente a concentração de fosfocreatina intramuscular. Embora alguns profissionais costumam dizer que a creatina pode afetar adversamente a função renal, evidências publicadas limitadas e ampla experiência com este suplemento sugerem que isso não é verdade em pacientes com função renal basal normal. Comumente a creatina apresenta-se como um suplemento bastante seguro, no entanto, durante a utilização aguda incluem ganho de peso (devido ao aumento da retenção de água), mobilidade articular reduzida e raramente cãibras musculares (7,8).

A forma recomendada de utilização é por meio do monohidrato de creatina, outras apresentações contendo, éster etílico, nitrato e fosfato, que geralmente são mais caras, podem conter impurezas e podem não ter nenhum benefício adicional. Embora este suplemento possua muitas apresentações disponíveis no mercado, a comumente encontrada é na forma de pó (9).

Diversos farmacêuticos têm desenvolvido pelo Brasil um importante trabalho na gestão de peso e hipertrofia muscular, e esta tem se demonstrado uma área em ascensão. Este trabalho, certamente, tem que ser desenvolvido em conjunto com outros profissionais de saúde como médicos, nutricionistas e educadores físicos, mas a expertise do farmacêutico, traz importantes contribuições no processo de cuidado destes pacientes.

 

Elaboração: Vinícius Soares Ribeiro

Revisão: Cinthia Caldas Rios

Referências

  1. Gregory AJM, Fitch RW. Sports Medicine: Performance-Enhancing Drugs. Vol. 54, Pediatric Clinics of North America. 2007. p. 797–806.
  2. Metzl JD, Small E, Levine SR, Gershel JC. Creatine use among young athletes. Pediatrics [Internet]. 2001 [cited 2022 Oct 18];108(2 II):421–5. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11483809/
  3. Fernandez MMF, Hosey RG. Performance-enhancing drugs snare nonathletes, too [Internet]. Vol. 58, Journal of Family Practice. 2009 [cited 2022 Oct 18]. p. 16–23. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19141266/
  4. Suplementos nutricionais e não medicamentosos permitidos para melhorar o desempenho – UpToDate [Internet]. [cited 2022 Oct 18]. Available from: https://www.uptodate.com/contents/nutritional-and-non-medication-supplements-permitted-for-performance-enhancement?search=creatina&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1#H3631802626
  5. Rawson ES, Clarkson PM, Price TB, Miles MP. Differential response of muscle phosphocreatine to creatine supplementation in young and old subjects. Acta Physiol Scand. 2002;174(1):57–65.
  6. Hultman E, Söderlund K, Timmons JA, Cederblad G, Greenhaff PL. Muscle creatine loading in men. J Appl Physiol [Internet]. 1996 [cited 2022 Oct 18];81(1):232–7. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8828669/
  7. Kim HJ, Kim CK, Carpentier A, Poortmans JR. Studies on the safety of creatine supplementation. Vol. 40, Amino acids. 2011. p. 1409–18.
  8. Poortmans JR, Francaux M. Adverse effects of creatine supplementation: Fact or fiction? [Internet]. Vol. 30, Sports Medicine. Sports Med; 2000 [cited 2022 Oct 18]. p. 155–70. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10999421/
  9. Bizzarini E, De Angelis L. Is the use of oral creatine supplementation safe? [Internet]. Vol. 44, Journal of Sports Medicine and Physical Fitness. 2004 [cited 2022 Oct 18]. p. 411–6. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15758854/